quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Gaultier é quase nosso

O costureiro Jean Paul Gaultier nasceu numa cidadedezinha, perto de Paris, chamada Arcueil. Quando sua mãe morreu, Jean Paul era ainda criança. O pai era um bebedor inveterado. Enchia a cara de Pastis e não tinha como cuidar do garoto. A solução encontrada foi mandá-lo para a casa de uns parentes distantes que moravam no sul do Brasil, mais precisamente na Colônia Orleans, na periferia de Curitiba. Pior a emenda do que o soneto. Desde jovem, Jean Paul Gaultier demonstrou um espírito rebelde. Mal chegou a Curitiba, entrou em conflito aberto com sua tia Melanie Galopreso Gaultier. Ela queria que o menino aprendesse a fazer risoto e se tornasse ajudante de cozinheiro em algum restaurante de Santa Felicidade. Por sua vez, Jean Paul detestava cozinha e só pensava em moda. O tio Albert era completamente ausente e a única alegria do garoto era a prima Leslie, que o apoiava em tudo, inclusive na extravagância de sua forma de vestir. Esta estranha foto de família, tirada no começo dos nos 60, sintetiza  todo o complexo jogo familiar em que o jovem Gaultier estava envolvido. Nota-se que ele dobrava a fotografia para esconder a tia e apagá-la de sua vida. Leslie ficava em primeiro plano. Por toda a vida, Jean Paul quis ser igual à sua prima, que morreu jovem, vítima de uma má-formação cardíaca.


Por fim, para acabar com a situação infernal, Tio Albert mandou o menino de volta à casa paterna, na França. Jean Paul tinha tudo contra ele, no entanto ganhou fama e dinheiro como enfant terrible da moda. Interessante é lembrar que o estilo tão característico de seus trajes nasceu em Curitiba.
Gaultier não é um Curitibano da Silva, mas quase!
                                                           
                                                  Nesta foto percebe-se bem o drama existencial de Gaultier.
                                                  Por detrás de sua fotografia, a de sua prima Leslie. As figuras
                                                  de ambos se superpõem e se confundem!

 


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Henry Fonda no Bacaheri

Em 1939, um avião que trazia  Henry Fonda, procedente de Buenos Aires, pousou no aeroporto do Bacacheri e ali permaneceu. O ator e sua mulher, a canadense Frances Ford Seymour, ficaram em Curitiba por quase uma semana. A versão oficial para tão longa permanência foi uma pane no avião.

                                                 Henry Fonda no Bacaheri em 1939

No entanto, isto foi apenas um subterfúgio. Antes de desposar Fonda, Frances Seymour fora casada com George Brokaw, com quem tinha uma filha chamada Frances de Villers Brokaw. Na realidade, o sobrenome correto dos Brokaw era Bonkowski, uma família que  imigrou da Polônia para o Paraná no final do século XIX. Outro ramo dos  Bonkowskis foi para o Canadá, onde alguns tornaram-se milionários e mudaram de nome, para evitar preconceitos. Em Curitiba, Henry Fonda  e esposa dedicaram-se a procurar Bogoslavo e Lubomir Bonkowski, tios do primeiro marido de Frances. A questão era discutir o destino da fortuna do ramo canadense da família. Acabaram desistindo e voltando aos EUA. Dizem que os dois colonos polacos souberam que havia alguns parentes americanos que andavam à sua procura, mas não deram as caras. Ambos tinham  chácaras no Pilarzinho e na Barreirinha. Suspeitaram que se os parentes soubessem o quanto eram ricos iriam querer se aproveitar e viver às suas custas. Além do que, detestavam falar com estranhos. Eram Curitibanos da Silva.
Os irmãos Bonkowski

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Meião de Carioca


Olha que coisa mais linda
Que vem e que passa ....

Não sei se o Vinicius e o Tom, se estivessem vivos, ainda encontraria inspiração para compor a Garota do Ipanema.

“Do Leme ao Pontal” o que se vê são essas garotas!
Cariocas bombadas que andam pela rua em trajes de academia, indumentária complementada por um ridículo meião branco.


Dizem que se inspiraram em Zetti, famoso goleiro do São Paulo. Nele até podia ficar bem, mas ...


nas cariocas o resultado é outro. Ficaram assim, coitada, mas acham que estão abafando!





Já as curitibanas são muitíssimo diferentes.
Entre as da elite local, são poucas as que usam o tal meião e para surpreendê-las em trajes de exercício somente pegando-as de surpresa nas portas das academias, antes que apressadamente entrem em seus carros e fujam para casa.


Conseguimos, também, uma permissão especial para fotografar o interior de uma academia da periferia de Curitiba. São assim as mais autênticas curitibanas.


Há quem as ache um pouco sem graça. Até pode ser. Mas felizmente são ainda poucas as que, por efeito imitativo, aderiram ao tenebroso e cafona meião carioca. Que deus as mantenha longe dessa cafonália.  Por favor meninas, não caiam em tentação. Mantenham-se Curitibanas da Silva.


De Niro é de Santa!

Mais um engano que precisa ser corrigido. A biografia oficial do ator Robert De Niro americanizou a sua vida para efeitos de marqueting. Diz que ele se chama Robert Anthony De Niro Jr e que nasceu em Nova Iorque. Nada mais falso. Roberto Antonio Deniro Mocelin nasceu na rua Zen Bertapelle, em Santa Felicidade. Trabalhou durante anos como garçom no Restaurante Cascatinha. Começou sua carreira fazendo alguns quadros cômicos para distrair os frequentadores. Acabou despedido porque não levava jeito nem para garçom nem para comediante. Durante alguns anos trabalhou como leão de chácara na boate La vie en Rose, no Caneco de Sangue e em outros inferninhos de Curitiba. Acabou contratado para ser guarda costa de algumas pessoas famosas da cidade, entre elas o prefeito Ivo Arzua, com quem aparece nesta foto.

Beto Mocelin, como era conhecido, nunca desistiu do sonho de se tornar ator. Mudou-se para os Estados Unidos justamente na época da explosão do cinema noviorquino. Fez amizade com atores e diretores como Coppola, Pacino, Scorcese e Stallone. Sua carreira explodiu quando representou o jovem Vito Corleone, no famoso filme o Poderoso Chefão II, papel que lhe rendeu um Oscar.
Apesar de insistir na sua origem novaiorquina De Niro / Mocelin aparece de vez em quando em Santa Felicidade para visitar a família e comer o horrível rizoto servido em muitos restaurantes da colônia.
Infalivelmente usa barba, bigode e óculos escuros para não ser reconhecido. Todavia, por debaixo de todo este disfarce bate um coração Curitibano da Silva.