sábado, 18 de maio de 2019

Dustin Hoffman do Abranches


O ator Dustin Hoffman, hoje com mais de 80 anos, vem sofrendo uma série de acusações de assédio sexual. No entanto, seus problemas com a justiça começaram muito cedo. Sempre foi um jovem desajustado, que vez por outra acabava no juizado de menores por pequenos furtos, desacato e desordem pública. Aos 15 anos, quando ainda morava no Abranches, envolveu-se com uma “senhora de boa família” casada e bem mais velha que ele. O caso virou um escândalo e ele foi detido, acusado de adultério. Para a polícia isso era uma novidade. O padrão era homens mais velhos “desencaminharem” jovenzinhas. Os tempos eram outros e não passava pela cabeça de ninguém acusar uma mulher de pedofilia. Por ser menor de idade, Dustin Krüeger Hoffmann  (seu nome completo) acabou detido no quartel da Polícia Militar do Paraná, na rua Marechal Floriano esquina com a Getúlio Vargas. Já nessa altura, o jovem Dustin demonstrava seus pendores para diva do teatro. Teve um “acesso de nervosismo” e se atirou contra as vidraças da cela onde estava preso. Nada sério, mas ficou coberto de sangue e acabou sendo solto.



Pouco tempo depois, a família imigrou para a Califórnia, onde vivia um tio. Seu Harry, o pai de Dustin Hoffmann, era hábil carpinteiro e conseguiu trabalho como mestre construtor de cenários em um estúdio de Hollywood, a Colúmbia Pictures. Esta deve ter sido a primeira aproximação do jovem com o mundo do cinema. Após concluir o colegial, ele resolveu ser ator. No começo dos anos 60 conseguiu diversos papeis secundários na Broadway e em Hollywood. A carreira só decolou quando foi escolhido para atuar em The Graduate (A primeira noite de um homem), em 1967. A seguir fez diversos filmes de sucesso, como Midnight Cowboy (1969) e Papillon (1973). Notabilizou-se nesses papeis de pequenos criminosos e desajustados, como se o seu passado em Curitiba o perseguisse. Chegou a ser considerado pela crítica como o melhor ator de sua geração. Dustin Hoffman é mais um integrante da grande galeria de Curitibanos da Silva que deixaram a cidade para encontrar a fama.




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Os Irmãos de Depardieu

 No começo da década de 1950, a família Decock contratou René Maxime Lionel Depardieu para trabalhar como cozinheiro auxiliar em seu restaurante Ile de France, especializado na cozinha da Normandia. René deixou em Châteauroux, interior da França, sua mulher, Anne Jeanne Marillier, e seis filhos, entre eles Gérard Xavier Marcel Depardieu, que acabou virando delinquente juvenil. Recuperado por ação do serviço social, Gérard viria a ser um dos mais celebrados atores franceses.

                                               Restaurante Ile de France em sua primeira sede, na Rua Dr. Muricy

Em Curitiba, René Depardieu revelou-se um grande conquistador. Tornou-se o rei das garçonetes, das caixeirinhas e das damas da noite. Em 1953, teve um filho com uma das atendentes do Café Alvorada. O menino, posto para adoção, foi assumido por um jovem casal de sobrenome Pereira, que lhe deu o pomposo nome de Magnus. Para quem não sabe, essa é a origem de Magnus Pereira, conhecido historiador curitibano. Anos depois, René teve outro filho em Curitiba. Desta vez com uma das lanterninhas do Cine Ópera. O piá acabou sendo criado por parentes distantes no interior de Santa Catarina. Por ironia do destino, Fernando Severo voltou a Curitiba para estudar e tornou-se cineasta.


                                 O café Alvorada e o Cine Avenida - tradicionais pontos de encontro de Curitiba

René Depardieu passou os últimos anos de sua vida no Asilo São Vicente, velho e desamparado. O famoso filho francês nunca o perdoou pelo abandono e nem nunca quis saber dele. Seus filhos Curitibanos da Silva jamais o aceitaram como pai.


A semelhança fisionômica dos três irmãos Depardieu é notável. Quando eram bem jovens, Gérard  e Magnus eram muito parecidos. Com a idade, Fernando passou a compartilhar traços com o ator.

                            

                                                                                         Gérard e Magnus



                                                                                      Fernando e Gérad

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Nashonaru Kiddo



Nelson Ichiro Kojima nasceu em Assaí em 1941, neto de japoneses que chegaram ao Brasil, em 1908, no Kasato Maru, o primeiro navio a trazer imigrantes do Japão. A família mudou-se para Curitiba quando Nelson ainda era recém-nascido. Ele e sua irmã Neusa Kioko podem ser vistos, juntos com a família, nesta fotografia tirada na Foto Brasil, em 1942.


Hideo Kojima, pai de Nelsinho, comprou uma banca de verdura no Mercado Municipal de Curitiba, mas não quis que seus filhos seguissem na profissão de verdureiros. Neusa cursou odontologia na UFPR e Nelson, menos interessado nos estudos, fez curso técnico em contabilidade. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como contador na rede de lojas HM (Hermes Macedo). 


Para desgosto de seu Hideo, o sonho dourado de Nelson era ser ator. Chegou a participar de um grupo de teatro amador infantil, mas o problema é que essas peças tinham poucos papéis que pudessem ser interpretados por um japonês. Especializou-se em fazer um dos Três Porquinhos e outros personagens que exigissem o uso de máscaras. Ainda assim, o sotaque japonês não ajudava. 



 No final dos anos 50, Nelson tomou uma decisão ousada: imigrou para o Japão, que naquela época iniciava o seu boom econômico. Ele foi um dos primeiros nipo-brasileiros a trilhar o caminho de volta para o Oriente. Assim que chegou, foi contratado como operário da fábrica de radinhos de pilhas National, que pertencia ao conglomerado Matsushita Electric.


Em 1960, a Matsushita resolveu patrocinar uma série televisiva para promover os produtos com a marca National. Foi criado então o personagem National Kid (ナショナルキッド)
um super-herói que se escondia sob o manto pacato de professor. Nelson, ou Ichiro Kojima, como era conhecido no Japão, foi o escolhido para o papel, num concurso interno realizado pela Matsushita entre seus empregados. Na primeira parte da série, Nashonaru Kiddo enfrentava os Incas Venusianos, poderosos invasores interplanetários. Nelsinho gravou os 22 primeiros episódios da série, mas acabou despedido por conflitos com o diretor. Após abandonar a carreira de ator, Kojima transformou-se em um renomado fotógrafo.


Interessante lembrar que, no Japão, a série não fez o menor sucesso e ficou no ar menos de 6 meses. Em compensação, no Brasil, National Kid tornou-se um sucesso instantâneo assim que a Record começou a exibir o seriado, em 1964. Mais tarde, a Globo compraria os direitos de exibição. É provável que atualmente apenas os brasileiros saibam cantar a musiquinha do seriado ou o que são os Incas Venusianos e sua saudação Auíca.


Mais veloz que o jato, mais duro que o aço, super-homem invencível, cavaleiro da paz e da justiça", Nashonaru Kiddo é curitibano da Silva, se não de nascimento, de coração.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Zenaide

Em fevereiro de 1970, a revista Realidade publicou um conjunto de charges do cartunista francês Gerard Lauzier, nas quais ele recordava cinco episódios amorosos que viveu no Brasil: “Cinco brasileiras inesquecíveis” – uma carioca, uma paulista, uma baiana, uma alagoana e Zenaide, uma paranaense.


1 – No Paraná eu namorei uma moça chamada Zenaide. Uma tarde, no quintal de sua casa, eu peguei nas mãos dela (Mas sem maus pensamentos, eu juro!)…
2 – Penso que ela interpretou mal o meu gesto…
3 – Zenaide dá um tapa no cartunista – “Zenaide, me desculpe!”
4 – O cartunista perseguindo Zenaide a cavalo – Amedrontei a menina, coitada! “Perdão, Zenaide, perdão!”.
5 – O cartunista nadando atrás de Zenaide – Ela ficou em estado de choque, eu sou um bruto! “Você interpretou mal o meu gesto, Zenaide!”.
6 – Zenaide trepando numa árvore, e o cartunista também – Eu sou um animal! Feri a sensibilidade da menina! “Não foi falta de respeito, Zenaide!”.
7- Zenaide e o cartunista caindo da árvore – O beijo: “Na queda minha boca entrou em contato com os beiços dela! Mas foi sem querer, eu juro!”.
8- Zenaide e o cartunista caídos na relva, sob a árvore – “Você vai pensar que eu sou uma moça fácil!” – diz Zenaide, enxugando as lágrimas.Conclusão do cartunista: “Acho que a moça sulista é uma hipersensível”.

Enganou-se o cartunista. Zenaide não era hipersensível, era Curitibana da Silva.

terça-feira, 15 de março de 2016

Quem diria? Capone é daqui!

Na biografia de Júlia Wanderley, a famosa educadora do Paraná, há uma série de episódios mal contados. Ela casou-se com Frederico Petrich, que, segundo seus biógrafos, foi um dos pintores da catedral de Curitiba. Na documentação referente à catedral não consta o nome de Petrich, que assumiu os negócios do sogro e parece nunca ter sido pintor. Diz a biografia da professora, que ela não conseguiu ter filhos e adotou um sobrinho. Ainda é mal explicado essa história de sua irmã ter abdicado do filho, entregando-o aos cuidados de Júlia. Os registros mostram que Minervina Wandeley teve gêmeos, os quais sabe-se que foram entregues, assim que nasceram, a umas irmãs de caridade de origem italiana. Um dos meninos, a quem foi dado o nome de Júlio, foi assumido por Júlia Vanderley, que o registrou como filho legítimo. O outro irmão, a quem deram o nome de Afonso, consta que foi mandado ao exterior para adoção. Seguindo as pistas da documentação, foi possível descobrir que o menino era para ter ido para a Alemanha, todavia foi rejeitado, por parecer muito latino, apesar do sobrenome Wanderley. As freiras acabaram por mandá-lo para Nova Iorque, onde Afonso foi adotado por um casal italiano bastante humilde: Gabriele y Teresina Capone. Nos registros norte-americanos, o garoto aparece como Alphonse Gabriel Capone.
                              

                               Júlia Wanderley                                                                       Al Capone                                                                  

Creio que não é preciso se estender sobre esse personagem, que fez fama com o pseudônimo de Al Capone. As semelhanças de traços fisionômicos com a família paranaense são uma evidência a mais para mostrar sua origem. Quando vemos fotos de Júlio, seu irmão gêmeo, não restam dúvida que Al Capone era Curitibano da Silva.
                                                                                         Júlia e Julinho

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Gaultier é quase nosso

O costureiro Jean Paul Gaultier nasceu numa cidadedezinha, perto de Paris, chamada Arcueil. Quando sua mãe morreu, Jean Paul era ainda criança. O pai era um bebedor inveterado. Enchia a cara de Pastis e não tinha como cuidar do garoto. A solução encontrada foi mandá-lo para a casa de uns parentes distantes que moravam no sul do Brasil, mais precisamente na Colônia Orleans, na periferia de Curitiba. Pior a emenda do que o soneto. Desde jovem, Jean Paul Gaultier demonstrou um espírito rebelde. Mal chegou a Curitiba, entrou em conflito aberto com sua tia Melanie Galopreso Gaultier. Ela queria que o menino aprendesse a fazer risoto e se tornasse ajudante de cozinheiro em algum restaurante de Santa Felicidade. Por sua vez, Jean Paul detestava cozinha e só pensava em moda. O tio Albert era completamente ausente e a única alegria do garoto era a prima Leslie, que o apoiava em tudo, inclusive na extravagância de sua forma de vestir. Esta estranha foto de família, tirada no começo dos nos 60, sintetiza  todo o complexo jogo familiar em que o jovem Gaultier estava envolvido. Nota-se que ele dobrava a fotografia para esconder a tia e apagá-la de sua vida. Leslie ficava em primeiro plano. Por toda a vida, Jean Paul quis ser igual à sua prima, que morreu jovem, vítima de uma má-formação cardíaca.


Por fim, para acabar com a situação infernal, Tio Albert mandou o menino de volta à casa paterna, na França. Jean Paul tinha tudo contra ele, no entanto ganhou fama e dinheiro como enfant terrible da moda. Interessante é lembrar que o estilo tão característico de seus trajes nasceu em Curitiba.
Gaultier não é um Curitibano da Silva, mas quase!
                                                           
                                                  Nesta foto percebe-se bem o drama existencial de Gaultier.
                                                  Por detrás de sua fotografia, a de sua prima Leslie. As figuras
                                                  de ambos se superpõem e se confundem!

 


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Henry Fonda no Bacaheri

Em 1939, um avião que trazia  Henry Fonda, procedente de Buenos Aires, pousou no aeroporto do Bacacheri e ali permaneceu. O ator e sua mulher, a canadense Frances Ford Seymour, ficaram em Curitiba por quase uma semana. A versão oficial para tão longa permanência foi uma pane no avião.

                                                 Henry Fonda no Bacaheri em 1939

No entanto, isto foi apenas um subterfúgio. Antes de desposar Fonda, Frances Seymour fora casada com George Brokaw, com quem tinha uma filha chamada Frances de Villers Brokaw. Na realidade, o sobrenome correto dos Brokaw era Bonkowski, uma família que  imigrou da Polônia para o Paraná no final do século XIX. Outro ramo dos  Bonkowskis foi para o Canadá, onde alguns tornaram-se milionários e mudaram de nome, para evitar preconceitos. Em Curitiba, Henry Fonda  e esposa dedicaram-se a procurar Bogoslavo e Lubomir Bonkowski, tios do primeiro marido de Frances. A questão era discutir o destino da fortuna do ramo canadense da família. Acabaram desistindo e voltando aos EUA. Dizem que os dois colonos polacos souberam que havia alguns parentes americanos que andavam à sua procura, mas não deram as caras. Ambos tinham  chácaras no Pilarzinho e na Barreirinha. Suspeitaram que se os parentes soubessem o quanto eram ricos iriam querer se aproveitar e viver às suas custas. Além do que, detestavam falar com estranhos. Eram Curitibanos da Silva.
Os irmãos Bonkowski