segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Nashonaru Kiddo



Nelson Ichiro Kojima nasceu em Assaí em 1941, neto de japoneses que chegaram ao Brasil, em 1908, no Kasato Maru, o primeiro navio a trazer imigrantes do Japão. A família mudou-se para Curitiba quando Nelson ainda era recém-nascido. Ele e sua irmã Neusa Kioko podem ser vistos, juntos com a família, nesta fotografia tirada na Foto Brasil, em 1942.


Hideo Kojima, pai de Nelsinho, comprou uma banca de verdura no Mercado Municipal de Curitiba, mas não quis que seus filhos seguissem na profissão de verdureiros. Neusa cursou odontologia na UFPR e Nelson, menos interessado nos estudos, fez curso técnico em contabilidade. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como contador na rede de lojas HM (Hermes Macedo). 


Para desgosto de seu Hideo, o sonho dourado de Nelson era ser ator. Chegou a participar de um grupo de teatro amador infantil, mas o problema é que essas peças tinham poucos papéis que pudessem ser interpretados por um japonês. Especializou-se em fazer um dos Três Porquinhos e outros personagens que exigissem o uso de máscaras. Ainda assim, o sotaque japonês não ajudava. 



 No final dos anos 50, Nelson tomou uma decisão ousada: imigrou para o Japão, que naquela época iniciava o seu boom econômico. Ele foi um dos primeiros nipo-brasileiros a trilhar o caminho de volta para o Oriente. Assim que chegou, foi contratado como operário da fábrica de radinhos de pilhas National, que pertencia ao conglomerado Matsushita Electric.


Em 1960, a Matsushita resolveu patrocinar uma série televisiva para promover os produtos com a marca National. Foi criado então o personagem National Kid (ナショナルキッド)
um super-herói que se escondia sob o manto pacato de professor. Nelson, ou Ichiro Kojima, como era conhecido no Japão, foi o escolhido para o papel, num concurso interno realizado pela Matsushita entre seus empregados. Na primeira parte da série, Nashonaru Kiddo enfrentava os Incas Venusianos, poderosos invasores interplanetários. Nelsinho gravou os 22 primeiros episódios da série, mas acabou despedido por conflitos com o diretor. Após abandonar a carreira de ator, Kojima transformou-se em um renomado fotógrafo.


Interessante lembrar que, no Japão, a série não fez o menor sucesso e ficou no ar menos de 6 meses. Em compensação, no Brasil, National Kid tornou-se um sucesso instantâneo assim que a Record começou a exibir o seriado, em 1964. Mais tarde, a Globo compraria os direitos de exibição. É provável que atualmente apenas os brasileiros saibam cantar a musiquinha do seriado ou o que são os Incas Venusianos e sua saudação Auíca.


Mais veloz que o jato, mais duro que o aço, super-homem invencível, cavaleiro da paz e da justiça", Nashonaru Kiddo é curitibano da Silva, se não de nascimento, de coração.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Zenaide

Em fevereiro de 1970, a revista Realidade publicou um conjunto de charges do cartunista francês Gerard Lauzier, nas quais ele recordava cinco episódios amorosos que viveu no Brasil: “Cinco brasileiras inesquecíveis” – uma carioca, uma paulista, uma baiana, uma alagoana e Zenaide, uma paranaense.


1 – No Paraná eu namorei uma moça chamada Zenaide. Uma tarde, no quintal de sua casa, eu peguei nas mãos dela (Mas sem maus pensamentos, eu juro!)…
2 – Penso que ela interpretou mal o meu gesto…
3 – Zenaide dá um tapa no cartunista – “Zenaide, me desculpe!”
4 – O cartunista perseguindo Zenaide a cavalo – Amedrontei a menina, coitada! “Perdão, Zenaide, perdão!”.
5 – O cartunista nadando atrás de Zenaide – Ela ficou em estado de choque, eu sou um bruto! “Você interpretou mal o meu gesto, Zenaide!”.
6 – Zenaide trepando numa árvore, e o cartunista também – Eu sou um animal! Feri a sensibilidade da menina! “Não foi falta de respeito, Zenaide!”.
7- Zenaide e o cartunista caindo da árvore – O beijo: “Na queda minha boca entrou em contato com os beiços dela! Mas foi sem querer, eu juro!”.
8- Zenaide e o cartunista caídos na relva, sob a árvore – “Você vai pensar que eu sou uma moça fácil!” – diz Zenaide, enxugando as lágrimas.Conclusão do cartunista: “Acho que a moça sulista é uma hipersensível”.

Enganou-se o cartunista. Zenaide não era hipersensível, era Curitibana da Silva.

terça-feira, 15 de março de 2016

Quem diria? Capone é daqui!

Na biografia de Júlia Wanderley, a famosa educadora do Paraná, há uma série de episódios mal contados. Ela casou-se com Frederico Petrich, que, segundo seus biógrafos, foi um dos pintores da catedral de Curitiba. Na documentação referente à catedral não consta o nome de Petrich, que assumiu os negócios do sogro e parece nunca ter sido pintor. Diz a biografia da professora, que ela não conseguiu ter filhos e adotou um sobrinho. Ainda é mal explicado essa história de sua irmã ter abdicado do filho, entregando-o aos cuidados de Júlia. Os registros mostram que Minervina Wandeley teve gêmeos, os quais sabe-se que foram entregues, assim que nasceram, a umas irmãs de caridade de origem italiana. Um dos meninos, a quem foi dado o nome de Júlio, foi assumido por Júlia Vanderley, que o registrou como filho legítimo. O outro irmão, a quem deram o nome de Afonso, consta que foi mandado ao exterior para adoção. Seguindo as pistas da documentação, foi possível descobrir que o menino era para ter ido para a Alemanha, todavia foi rejeitado, por parecer muito latino, apesar do sobrenome Wanderley. As freiras acabaram por mandá-lo para Nova Iorque, onde Afonso foi adotado por um casal italiano bastante humilde: Gabriele y Teresina Capone. Nos registros norte-americanos, o garoto aparece como Alphonse Gabriel Capone.
                              

                               Júlia Wanderley                                                                       Al Capone                                                                  

Creio que não é preciso se estender sobre esse personagem, que fez fama com o pseudônimo de Al Capone. As semelhanças de traços fisionômicos com a família paranaense são uma evidência a mais para mostrar sua origem. Quando vemos fotos de Júlio, seu irmão gêmeo, não restam dúvida que Al Capone era Curitibano da Silva.
                                                                                         Júlia e Julinho